Você é muito bem-vindo aqui!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O desleixo


Fernando Sobral
O fogo traz, todos os anos, o fumo das dúvidas sobre a forma como Portugal olha para a sua floresta.
As temperaturas extremas, com as mudanças climatéricas globais, estão aí para ficar e sobre isso já não há dúvidas. Mas o fundo da questão é sempre esquecido quando os fogos desaparecem da abertura dos telejornais. A floresta é um bem social, cultural, económico e ecológico. Mas Portugal trata-a com desleixo. Da mesma forma como muitas coisas são tratadas neste País. Basta olhar para as sarjetas de Lisboa: quando chover tudo voltará a ser inundado, por falta de limpeza atempada. A política florestal é inexistente. Há uma estratégia clara em Portugal: arde e deixa arder. Basta ver a grande esfinge que é o ministro Rui Pereira na televisão para sentirmos que tudo continuará na mesma como a lesma. Não há uma gestão do território por parte do Estado. Há demasiadas terras ao abandono e estas são, na maior parte dos casos, o terreno perfeito para os incêndios. Não há uma eficaz utilização da floresta como bem económico por parte do Estado e este não sabe, ou não quer, utilizar o "know-how" privado para essa gestão. Porque ele existe, como se sabe. Quando a floresta produz riqueza as pessoas ficam lá e não a abandonam. Sem isso irá morrer, abandonada. A preservação ecológica da floresta portuguesa, da sua fauna e flora, passará pela forma como soubermos usufruir dela. É essa gestão que o Estado português não tem sabido fazer por pura incompetência. A cinza é o que sobra do desleixo português com a sua floresta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário