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quarta-feira, 11 de maio de 2011

"A maior expressão da angústia pode ser a depressão, algo que você pressente, indefinível. Mas não tente se matar, pelo menos esta noite não" Lobão


DEPRESSÃO
A depressão se tornou tão freqüente nos dias de hoje, que está sendo considerada como reação normal no mundo moderno, desde que não interfira nas nossas atividades cotidianas. Mas devemos ter em mente o mal estar e as sensações que acompanham o indivíduo muitas vezes, por toda sua vida, interferindo nos seus relacionamentos sociais, pessoais e levando o indivíduo a ter uma vida improdutiva e insatisfatória sob vários aspectos por não saber que esses sintomas são de depressão.
A depressão está sendo considerada por alguns terapeutas como o mal do século, devido a grande incidência nos atendimentos psiquiátricos.
Devemos levar em conta que todos nós temos momentos de tristeza, dor, desapontamento, assim como momentos de alegria e prazer.
Na condição de ser humano saudável, existe a disposição para enfrentar os problemas e procurar solucioná-los por mais difíceis que sejam. Segundo Lowen "ser incapaz de reagir distingue o estado depressivo de todas as outras condições emocionais. Uma pessoa desanimada recuperará sua fé e esperança quando a situação mudar", enquanto que na pessoa deprimida, a disposição para reagir está limitada.
A) Histórico
Desde o Antigo Testamento, são relatadas situações de padecimento de homens e mulheres que perderam a esperança.
Hipócrates, o Pai da Medicina (sec. IV a.C.) diferenciou quatro tipos de temperamentos, um deles denominado "melancólico", que hoje é identificado como depressão. Para Hipócrates, o que definia o humor melancólico seria a conduta química de biles negra. Essa abordagem inicial revela uma visão organísmica do quadro depressivo, segundo o qual o determinante fisioquímico do organismo humano é quem estabelece o temperamento do indivíduo (L. Cammer, Saindo da depressão, 1978).
Na Idade Média era considerada resultante de uma força mística de alguma entidade misteriosa.
No final do sec. XVIII foram iniciados estudos sobre o tema, por meio de pesquisas em instituições e hospitais especializados.
B) Sintomas
As definições abaixo indicadas são derivadas de um ponto de vista nosológico psiquiátrico .
A depressão começa com sentimentos comuns de tristeza. É comum que a pessoa deprimida não tenha consciência de seus sentimentos, mas identifica que algo está errado com ela e percebe sensações físicas como aperto no coração, angústia, impaciência, etc.
A depressão varia em intensidade, indo desde uma simples tristeza até um intenso sofrimento e desespero.
Na síndrome depressiva, o indivíduo se sente incapaz, coibido, infeliz e reage de forma pessimista; tem sentimentos de menos valia, desânimo, falta de força para reagir, perda da espontaneidade e fadiga. A pessoa se torna mais lenta, preocupa-se demais com problemas pessoais; alguns se tornam queixosos, outros desconfiados.
Na depressão mais profunda, a pessoa sofre intensa dor mental; sente angústia, desespero, desgosto, raiva, medo agitação e desesperança.
Começa a achar que não deveria ter nascido, tendo às vezes pensamentos suicidas.
Seu relacionamento se torna difícil, refletindo sentimentos de desespero, aflição, sensação de abandono ou rejeição.
Preocupa-se demais com seus pensamentos depressivos, alterando sua capacidade de atenção, concentração e memória, queixando-se às vezes de uma incapacidade de pensar.
A ansiedade é comum na depressão, incluindo ataque de pânico, abuso de álcool e queixas somáticas.
As características clínicas da depressão podem ser agrupadas em quatro esferas:
o Humor: deprimido, irritável, preocupação excessiva, sensação de vazio, tristeza, baixo-astral.
o Cognitiva: perda de interesse, dificuldade de concentração, baixa auto-estima, pessimismo, indecisão, culpa, ideação suicida, alucinações e delírios.
o Comportamental: retardo psicomotor ou agitação, choro, retraimento social, dependência, suicídio.
o Somática: distúrbios do sono (insônia ou hipersonia), fadiga, alteração do apetite e/ou peso (aumento o diminuição), dor, diminuição da libido.
C) Características do Processo Depressivo
A depressão apresenta três aspectos essenciais: intensidade, duração e qualidade.
Intensidade: quanto a intensidade, pode ser leve, moderada ou grave. As leves desaparecem com rapidez, enquanto as moderadas e graves são mais prolongadas e exigem tratamento terapêutico
Duração: pode ser classificada como aguda, recorrente ou crônica. As agudas podem surgir rapidamente, independentemente de causa, e durar apenas uma semana, podendo desaparecer sem tratamento. A recorrente corresponde a uma crise aguda que reaparece a intervalos irregulares intercalados por períodos normais denominados "remissão". A depressão crônica surge mais regularmente e permanece por um período de tempo indefinido.
Qualidade: pode ser de retardo psicomotor, quando as reações da pessoa tornam-se lentas, e agitada, quando apresenta um estado de excitação geral.
D) Possíveis Causas
Em pesquisa na internet, encontramos que a depressão pode ser causada por diversos fatores, isolados ou combinados, incluindo:
- história familiar;
- outras doenças não psiquiátricas, como por exemplo doenças crônicas como Aids, ou câncer, alterações hormonais (hipotireoidismo);
- alguns medicamentos;
- uso de álcool ou drogas;
- outras doenças psiquiátricas;
- algumas situações de vida, como "estresse" intenso ou uma perda importante.
Muitas vezes a depressão pode surgir mesmo quando tudo está muito bem na vida da pessoa
E) Fatores de Risco
Ainda na mesma fonte, os fatores descritos abaixo estão relacionados com a depressão. Significa que a presença de um ou mais desses fatores na vida da pessoa torna-a mais vulnerável para apresentar depressão. A identificação deles é feita com bases estatísticas. O fato de a pessoa ter ou não esses fatores não determina o surgimento da depressão em sua vida.
Os principais são:
- ser do sexo feminino;
- adultos jovens;
- vida urbana;
- desempregado;
- presença de importante doença física;
- doença afetiva prévia;
- história familiar de depressão;
- perda de uma pessoa importante e próxima nos últimos seis meses;
- solidão;
- falta de satisfação com a vida.

Psic v.3 n.1 São Paulo jun. 2002

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