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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

BC sinaliza Selic a 11% ao ano, mas corte maior não está descartado

Política monetária

 

O presidente do BC, Alexandre Tombini, tem defendido ajuste moderado, mas desaceleração da atividade pode mudar ritmo de queda dos juros

Beatriz Ferrari e Carolina Almeida
O Copom tem uma decisão difícil para tomar até a noite desta quarta-feira: acelerar a redução dos juros para reanimar a economia, ou seguir com o ajuste moderado para conter a persistente alta dos preços
A crise internacional se deteriorou de maneira acelerada desde a última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), em 19 de outubro, quando a Selic sofreu um corte de 0,5 ponto percentual e foi a 11,50% ao ano. Nesse período, os dados macroeconômicos do Brasil evidenciaram desaceleração, ainda que essa piora tenha impactado na melhora do índice inflacionário. Diante deste cenário, o Copom tem uma decisão difícil para tomar até a noite desta quarta-feira: acelerar a redução dos juros para reanimar a economia, ou seguir com o ajuste moderado na intenção de conter a persistente alta dos preços. O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, tem discursado recentemente mantendo a afirmação de que a Selic seguirá uma trajetória de queda de longo prazo, sem surpresas. Tal mensagem é interpretada pelo mercado como sinal de que a redução continuará na velocidade de 0,5 ponto percentual, levando a Selic a 11% ao ano. Contudo, um corte de 0,75 não está descartado.
O mercado aposta em um corte de 0,5 guiado mais pelos discursos recentes dos representantes do BC, em favor da moderação nos ajustes, do que pelos dados fracos da atividade. “Acreditamos que vai haver uma manutenção desse corte, porque todos os anúncios de todos os diretores do Banco Central e também do presidente Alexandre Tombini foram nesse sentido”, diz Tatiana Pinheiro, economista do Santander. A economista Zeina Latif, doutora em economia pela Universidade de São Paulo (USP), acredita que o BC não aparenta ter se surpreendido com a piora do cenário externo. Portanto, o desdobramento da crise internacional, com seus respectivos impactos no Brasil, não deve motivar uma queda maior do que 0,5. Na avaliação do ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, como Tombini tem sido enfático sobre uma queda moderada, uma surpresa prejudicaria a imagem do banco - como aquela ocorrida em agosto, quando a autoridade inverteu a trajetória de alta dos juros sem sinalizar essa ideia nas reuniões prévias. “Qualquer mudança no discurso agora irá significar risco e incerteza na percepção da atuação do BC”, afirma.
No entanto, alguns economistas acreditam que a autoridade monetária tem argumentos suficientes para promover uma redução maior, da ordem de 0,75 ponto percentual. O professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, Fabio Kanczuk, acredita que os dados de perspectiva de crescimento econômico são suficientes para justificar uma queda maior, referindo-se à redução da previsão de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 – que antes estava acima de 4%, mas foi revisada para baixo pelos principais órgãos: para o BC, o avanço será de 3,5%; para o mercado, 3,16%; e para o governo, 3,8%. Soma-se a esse cenário a desaceleração na geração de empregos, que no mês passado teve o pior resultado para outubro desde 2008. “Não dá para ter certeza de que, apenas com base nos discursos do Tombini, a Selic cairá 0,5”, afirma.
Segundo o economista José Alfredo Coutiño, da agência de classificação de risco Moody’s, o BC terá de agir de maneira mais agressiva se quiser ajudar a resgatar a economia brasileira de uma situação de “pouso forçado”. “Se o Tombini não agir, o crescimento econômico do quarto trimestre poderá recuar para 1%”, afirma. “O Brasil é um dos países com as maiores taxas de juros do mundo. O juro real está entre 5% e 6% no país, um número considerado restritivo, tendo em vista que a taxa neutra para o país seria de 4,5%”, afirma.
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