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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um 2012 sem dívidas é possível – e necessário

Finanças pessoais

Brasileiros têm um ano incerto pela frente: com a economia desaquecida e o endividamento em alta, o momento é de cautela nos gastos

Carolina Almeida
Os endividados podem substituir dívidas com juros altos por créditos mais baratos, como o consignado Os endividados podem substituir dívidas com juros altos por créditos mais baratos, como o consignado (Jupiterimages)
Lidar com as finanças pessoais em 2011 foi uma tarefa desafiadora. No primeiro semestre do ano a taxa de juros aumentou e chegou 12%, o governo criou mecanismos para forçar a redução do crédito e as prestações com a compra de veículos, imóveis e outros bens passaram a corroer de forma importante o orçamento das famílias. O resultado disso não podia ser diferente: o brasileiro terminou o ano endividado.
Segundo a pesquisa de endividamento da Confederação Nacional do Comércio, o percentual médio de famílias endividadas em 2011 foi 62,2%, ante 59,1% no ano 2010. Contudo, a reversão desse quadro não é tarefa impossível. Para os que não conseguiram evitar o endividamento ao longo do ano, é hora de apertar os cintos. Já para os que estão com as finanças em dia, o momento é de cautela: 2012 não dá indícios de que será um ano fácil.
Cenário incerto - O último trimestre do ano é uma amostra confiável de como a economia brasileira se comportará no início de 2012. A geração de empregos em novembro no país foi a menor em 11 meses, segundo dados do Ministério do Trabalho. Já a produção industrial recuou 2,6% no acumulado do ano até outubro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a renda do brasileiro tende a evoluir muito pouco além da inflação. Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado em dezembro mostra que o aumento real médio dos salários das categorias com data-base no 2º semestre tende a ficar em torno de apenas 1,36%.
A desaceleração da geração de emprego, o desaquecimento da indústria e a estabilização da renda média do trabalhador são sinais de que o brasileiro poderá ter um ano mais complicado. O primeiro número não significa que o país poderá enfrentar uma onda de demissões – e sim que os empregos criados poderão não ser tão fartos como foram em 2010 e no início de 2011. Com uma indústria desaquecida, as importações tendem a aumentar, enquanto as novas contratações podem ser escassas e as demissões, mais frequentes. Já a estabilização da renda mostra que os aumentos salariais – galopantes em alguns setores, como a construção civil – não deverão avançar muito acima da inflação.
No setor de serviços – o grande empregador do país -, os resultados da desaceleração também começam a aparecer. De acordo com os dados IBGE referentes ao terceiro trimestre do ano, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor de serviços recuou 0,3%, puxado, sobretudo, pelo comércio, que recuou 1% no período. O exemplo mais recente dessa perda de fôlego está nas vendas do varejo neste Natal. Segundo dados da Serasa Experian, as vendas avançaram 2,8%, ante uma alta de 15,5% no período natalino de 2010. As razões atribuídas por analistas são o aumento da inadimplência e o endividamento da população.
Governo entra em ação – Para impedir que o país seja afetado por uma onda pessimista e manter o consumo aquecido, o governo federal entrou em ação ainda em 2011. Primeiro, o Banco Central iniciou uma trajetória de redução da taxa de juros, temendo que a economia brasileira fosse afetada pelos respingos da crise europeia. Por fim, em dezembro, o ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou medidas de redução tributária. O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do fogão foi reduzido de 4% para zero, da geladeira, de 15% para 5%, da máquina de lavar, de 20% para 10% e do tanquinho, de 10% para zero. Em seguida, a própria presidente Dilma Rousseff chegou a afirmar, em seu programa de rádio matinal, que a população “deve continuar consumindo”.
Consumir com cautela, poupar sempre - O fato é que, consumir, diante deste cenário, exige cautela – sobretudo se há endividamento. “As dívidas são a parte mais cara da brincadeira”, afirma o professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo, Keyler Carvalho Rocha. O especialista recomenda que os consumidores moderem seus gastos com supérfluos no início do ano e priorizem o pagamento das dívidas contraídas do Natal, além das despesas típicas de início do ano, como o pagamento de IPTU, IPVA, matrículas e compra de material escolar.
Se o décimo terceiro tiver de ser usado para quitar dívidas, o professor ressalta que é preciso priorizar as contas com os juros mais elevados, como cartões de crédito e cheque especial. Se a remuneração não for suficiente para saldar todas elas, uma opção, em último caso, é substituir as dívidas que possuem juros altos por outra, a juros menores, como o crédito consignado. Para 2012, a recomendação é eliminar todos os gastos supérfluos e readequar o orçamento para conseguir quitar todas as dívidas ao longo do ano.
Consumidores que não se encaixam no quadro de endividamento podem respirar mais tranquilos, ainda que devam manter a atenção aos gastos. Separar uma parte do décimo terceiro para investimentos é o caminho ideal. Cadernetas de poupança, fundos de renda fixa e Certificado de Depósito Bancário (os famosos CDBs) continuam sendo as opções mais indicadas para investidores iniciantes. “Quanto mais se poupar e guardar, será melhor”, afirma Rocha. O professor ainda lembra que, diante das projeções incertas para 2012, é preciso ter cuidado redobrado, mesmo para os que não estão endividados. “É sempre importante poupar mensalmente para guardar durante o ano. E isso deve ser feito sempre, mesmo quando a economia vai bem. É preciso estar prevenido”, diz.
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