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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Audiência sobre Pinheirinho no Senado tem clima quente

Congresso

Tucano Aloysio Nunes Ferreira diz que PT tem interesse em explorar o episódio e irrita o petista Eduardo Suplicy. Parlamentares debatem reintegração

Gabriel Castro
Morador em protesto contra a reintegração de posse da favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo Morador em protesto contra a reintegração de posse da favela do Pinheirinho, em São José dos Campos, São Paulo (Roosevelt Cassio/Reuters)
Em meio ao marasmo do Congresso que, na prática, prolongou o Carnaval até o fim da semana, o ponto alto desta quinta-feira foi o bate-boca entre Eduardo Suplicy (PT-SP) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) em uma audiência pública no Senado sobre a retirada das famílias da área do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), no mês passado. Militantes dizem que houve violência policial. Tucanos acusam petistas de explorarem o caso politicamente. A Comissão de Direitos Humanos do Senado ouviu pessoas envolvidas no episódio.
Aloysio chegou a anunciar que não participaria da audiência. Ele havia proposto que também fossem ouvidas, na mesma reunião, vítimas de operações policiais de governos do PT e seus aliados (Distrito Federal, Bahia e Acre). Mas apenas envolvidos no episódio do Pinheirinho foram convocados. O presidente em exercício da comissão, Pedro Simon (PMDB-RS), anunciou que as outras audiências serão marcadas para as reuniões seguintes. O tucano aceitou, então, permanecer na sessão desta quinta.
O senador paulista foi direto ao criticar o uso político da desocupação: "É uma operação política de interesse do PT, do senador Eduardo Suplicy e de outros grupos, inclusive alguns grupelhos pseudo-revolucionários que se utilizam da miséria alheia para promover os seus propósitos", afirmou.
Suplicy, em resposta, chegou a se exaltar e elevar o tom de voz. "Está aqui o vídeo das pessoas e das cenas onde ele diz que não houve violência. Queira, senador, ter a dignidade de ver este filme", exclamou o petista. O vídeo em questão, feito por militantes contrários ao governo paulista, foi exibido. Mas, antes, o tucano ainda voltou a criticar Suplicy: "Não me deixo intimidar por gritos." Coube a Simon pôr panos quentes: "É a primeira vez que Suplicy fala assim. Ele é exageradamente calmo. Às vezes, deveria gritar mais e não grita, principalmente lá no PT."
Os senadores ouviram também moradores da região e o líder comunitário do Pinheirinho, Valdir Martins - que, ironicamente, não mora na área. Ele afirmou que as famílias precisam voltar ao terreno desocupado: "Para reparar o que foi feito no Pinheirinho, só existe uma solução: desapropriar o terreno e construir lá as casas para aquele povo".


Governo - Inês Magalhães, secretária Nacional de Habitação, disse que o governo federal se ofereceu, desde 2006, para colaborar com a situação. Mas isso, de acordo com ela, exigiria que o governo apresentasse um projeto de urbanização da área. "Esse projeto nunca foi apresentado", afirmou. Ela disse ainda que, apesar da ordem judicial de desocupação do terreno, que pertence à massa falida de uma empresa de Naji Nahas, o governo estadual e a prefeitura poderiam ter dado outra solução para o episódio: "A garantia do direito à moradia dessas famílias poderia ter sido obtida independentemente do apoio a uma ação de desapropriação", afirmou.
O secretário Nacional de Articulação Social da Presidência, Paulo Roberto Martins Maldos, disse ter presenciado episódios de violência policial e questionou o cumprimento da ordem judicial. "A serviço de quem essa Justiça é feita?", indagou. Aloysio Nunes, único representante da oposição na audiência, protestou: "O senhor tem o dever de dizer quais são esses interesses, sob pena de ser tratado como leviano. Diga que interesses são esses! Vamos ver se o senhor está aqui como militante do PT ou como representante da Presidência". Maldos não respondeu.
Representantes da prefeitura de São José dos Campos, do governo de São Paulo, do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Polícia Militar foram convidados para o debate, mas não compareceram.
Ação - No dia 25 de janeiro, a Polícia Militar de São Paulo e a Guarda Municipal de São José dos Campos cumpriram uma ordem do Tribunal de Justiça do estado e retiraram os cerca de 5 000 moradores do Pinheirinho, uma área que era ocupada ilegalmente e pertencia à massa falida da Selecta, empresa do especulador Naji Nahas. Moradores da área se queixaram de truculência policial. Lideranças locais chegaram a informar que a operação deixara sete mortos, o que posteriormente foi desmentido. O comando da polícia afirmou que, como moradores da área se preparavam para enfrentar as tropas da PM, a operação teve de ser feita rapidamente.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/audiencia-sobre-pinheirinho-no-senado-tem-clima-quente 

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